Conforme antecipamos ontem,
uma nova crise se instaurou no governo Dilma. Desta vez no Ministério
do Esporte. As denúncias têm um potencial destrutivo imprevisível.
Com a proximidade da Copa do Mundo e a
série de dificuldades que o governo enfrenta para gerenciar as obras de
infraestrutura, a presidente ainda avalia se é melhor manter um ministro
sob suspeição ou demití-lo e tentar reestruturar a pasta. A gravidade
da denúncia recomendaria o afastamento e uma investigação rigorosa mas,
como tornou-se hábito na administração petista, outros fatores são
levados em consideração antes da tomada de decisão. Nos comentários
abaixo explicamos melhor quais são eles, por enquanto leiam o que
informa a Folha de São Paulo:
Dois integrantes de um suposto esquema de desvio de recursos do Ministério do Esporte acusam o ministro Orlando Silva (PC do B) de participação direta nas fraudes, segundo reportagem publicada pela revista “Veja”.
O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal João Dias Ferreira e seu funcionário Célio Soares Pereira disseram à revista que o ministro recebeu parte do dinheiro desviado pessoalmente na garagem do ministério.
Localizado ontem pela Folha, Pereira confirmou a acusação contra o ministro, mas recusou-se a dar entrevista. Segundo a “Veja”, Pereira descreveu assim a entrega, que teria ocorrido em 2008: “Eu recolhi o dinheiro com representantes de quatro entidades aqui do Distrito Federal que recebiam verba do [programa] Segundo Tempo e entreguei ao ministro, dentro da garagem, numa caixa de papelão. Eram maços de notas de 50 e 100 reais”.
Do México, onde acompanha o Pan-Americano, o ministro disse que a acusação é uma “fraude” e pediu à Polícia Federal que a investigue.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que conversou ontem com Silva por telefone e que determinará a abertura de inquérito no começo da semana.
O PC do B informou que, por solicitação do ministro, pedirá a antecipação de um depoimento que Silva daria à Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados.
Segundo a Folha apurou, a reação do ministro agradou ao governo, que por ora não cogita substituí-lo.
Íntegra aqui (para assinantes)
Comentário:
Quem acompanha minimamente os escândalos
na administração petista não deve se surpreender com o itinerário de
ações do governo frente a casos de corrupção. Num primeiro momento,
avalia-se o potencial que as denúncias tornadas públicas na imprensa têm
de gerar desdobramentos.
Se as reportagens forem baseadas somente
em depoimentos, ótimo para o governo. Mantém-se o servidor no cargo.
Foi assim com as denúncias que ligaram Aloizio Mercadante ao esquema dos “aloprados”.
Quando há provas materiais e o
envolvimento de um maior número de pessoas, a história é diferente.
Neste caso, o governo se articula e busca informações sobre
investigações em andamento. Caso perceba que elas serão capazes de
fornecer pauta para a “mídia” durante um bom período, demite-se. Foi o
que ocorreu com Antônio Palocci e Wagner Rossi, só pra citar alguns dos vários exemplos.
Salvo raras exceções, como o ocorrido com Alfredo Nascimento,
onde a presidente Dilma aguardava uma justificativa para pedir a cabeça
do então ministro dos Transportes, é esse o procedimento padrão. Sendo
assim, não faz sentido empregar o termo “faxina”, já que em nenhum
momento o governo preocupou-se em remover a sujeira de sua
administração. Ao contrário, a preocupação sempre foi uma só, impedir
que os detritos acumulados invadissem o saguão do Palácio do Planalto.
O aconselhável é que a presidente Dilma
afaste o ministro Orlando Silva até o término das investigações. Não se
trata de pré-julgamento, e sim de um ato de responsabilidade e zelo pelo
bem público. Como qualquer cidadão, Silva dispõem da presunção de
inocência, mesmo que seu histórico indique o contrário.
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